quarta-feira, 1 de junho de 2011

ANÁLISE DAS OBRAS

Vladmir Tatlin (Rússia, 1885-1853) Monumento a Terceira Internacional, 1919.

O construtivismo russo se desenvolve em construções tridimensionais como o Monumento a Terceira Internacional de Vladimir Tatlin, feito com ferro, vidro e madeira, em harmonia com as idéias socialistas. Os artistas construtivistas russos entusiasmam-se por uma forma de arte despida de aura, mais próxima ao povo, ao alcance de todos. Usando materiais industrializados empregados no uso cotidiano, colocaram a arte a serviço do bem comunitário, atuando na direção utilitária do desenho industrial e arquitetura. Esta obra exprime a fórmula mais típica e caracterizadora do construtivismo o utilitarismo mais a representatividade.

"O modelo de Tatlin para um Monumento à Terceira Internacional captura o dinamismo da utopia tecnológica vista sob o prisma do comunismo; a energia pura é expressa como linhas de força que também estabelecem novas relações de tempo e espaço. A obra também evoca uma nova estrutura social, pois os construtivistas acreditavam que o poder da arte seria literalmente capaz de reformar a sociedade. Essa extraordinária torre que gira em três velocidades foi concebida numa escala monumental, completada com os escritórios do Partido Comunista; como outros projetos desse tipo, foi totalmente impraticável numa sociedade que ainda estava se recuperando da devastação causada pelas guerras e pela revolução, nunca foi construída".
JANSON, H. W. Iniciação à história da arte. 2ªed. São Paulo. Martins Fontes, 1996, p. 407)



El Lissitzky (Rússia, 1890-1941) A História de dois quadrados, 1922. 27.8 x 22.5 cm.

Esta História de dois quadrados foi concebida inicialmente como um livro infantil. É um dos primeiros exemplos de um livro de artista, no sentido de que não há um texto a ser ilustrado, e sim um grupo de imagens que formam a narrativa. O livro tem uma seqüência de imagens ou construções em que se desenrolam a história de dois quadrados extraterrestres, um vermelho e outro preto, chegados à Terra para assistir a uma tempestade. Depois da tempestade surge uma estrutura tridimensional no quadrado preto, coberta pelo quadrado vermelho. O quadrado preto recua, mas não desaparece completamente. A saliência de formas planas dá lugar ao espaço pluridimensional típico do PROUN, depois à dispersão de elementos e, finalmente, a uma recomposição com uma superfície vista por cima, numa espécie de visão aérea. Um dos elementos marcantes desse cartaz é o uso do vermelho e do preto, cores fortes, e figuras geométricas, que causam impacto aliadas aos tipos sem serifa. A regra da leitura na horizontal, encimada (colocar sobre) pela ilustração, dá lugar a composições diagonais e letras capitais de tamanho diferenciado. Um dos seus objetivos é a absorção rápida da informação, reforçada pela rarefação do texto e pelo uso de tipografia de linhas simples. Cria também trocadilhos com palavras e formas. A leitura reforça a dimensão visual, que tem por base o diagrama: os elementos podem ser combinados em várias formas globais, ou diferentes.

Eis a seqüência do texto (numa tradução do inglês):

“– Não leias, pega em papel, pinos, blocos, dispõe, colore, constrói

– aqui estão dois quadrados

– voam para a Terra vinda de longe

– e vêem preto. Alarmante.

– Choque. Tudo se espalha.

– E no preto estabelece-se vermelho. Claramente.

– Aqui acaba. Adiante.”

http://cultartecontemp.blogspot.com/

PROUN: Lissitzky cria o Proun - representações geométricas com as mais diversas combinações de formas geométricas. Proun significa cidade, ponte. A proposta do Proun começa do plano, passa à construção de modelos tridimensionais depois à construção de objetos de nossa vida cotidiana. Proun supera a separação entre arte, artistas, arquitetos e engenheiros. Dedica-se a a construção do espaço, organiza as dimensões deste por meio dos seus elementos, cria uma nova imagem multifacetada mas unificada, de nossa natureza. Proun é uma espécie de protótipo estético. Ênfase dada à manipulação do espaço enquanto função primaria do Proun: massa, espaço, plano, proporção, ritmo. O material transforma-se em forma através da construção, a economia de meios é necessária. Proun é uma formação criativa de dominação do espaço por meio da construção econômica com material reavaliado. O Proun foi uma dos conceitos mais utilizados pelos arquitetos e artistas que até nos tempos atuais ele ainda é utilizado. O Proun foi um dos conceitos mais utilizados pelos arquitetos e artistas, permanecendo atual e em uso até nossos dias


Vladmir Tatlin (Rússia, 1885-1853) Contra-relevo de canto, 1915, técnica mista, 78,8 x 152,4 x 76,2 cm.

Com um trabalho que decorre exclusivamente das diferentes propriedades dos materiais empregues: metal, madeira, vidro, cartão, ferro, gesso etc. As superfícies surgem marcadas por fumo, pó, etc. Incorporando a própria história ou as marcas deixadas nos materiais. Os jogos de cor resultavam da exposição nua dos materiais, sem os jogos ‘irônicos’ entre a simulação e a superfície da colagem cubista. As qualidades dos materiais deveriam ser explicitadas pelas suas relações. O controle rítmico e a construção derivam do material e do tratamento que lhe pode dar. As construções de Tatlin não buscam a representação de objetos ou idéias. Elas são objetos reais, projetados para ocupar espaços reais, projetado para ocupar o canto de uma sala, na posição que os tradicionais ícones religiosos ocupavam nas casas de família. Apresentado assim, provocativamente como um novo ícone.

“O sentido do construtivismo, tal como concebia Tatlin era de que a arte não deveria servir como uma representação ilusionista da realidade, mas sim uma realidade tão palpável e completa como qualquer outro objeto dentro do mundo. Deveria expressar então, relações reais entre as coisas reais, expressas à maneira de Tatlin, como relações matemáticas de tensão, equilíbrio e movimento intrínsecos ao objeto. Um buraco em sua teoria inicial porém, estava no fato de que, objetos reais no mundo real requeriam uma utilidade prática, uma necessidade funcional, ou seriam relegados ao mundo meramente intelectual, uma necessidade expressiva ou emocional do artista. Ao se dar conta desse problema, Tatlin conclui que a arte, da maneira como era concebida, não representava mais que o fruto podre de uma sociedade decadente. A partir daí, ele adota como seu slogan, “a arte para a vida”.

http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=2532

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